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Quase Nárnia.

E tinha este lugar. Engraçado como as sequências narrativas que relembram algo começam sempre. Tinha este lugar. Bem, foco, senão não conto a história. Passo a narração dos fatos que vivi.

Existe um lugar bem perto, bem perto. Não tão próximo que você possa ver, mas tão escondido que, quando você percebe, ali está. Já leram Nárnia? Acontece que você nem precisa passar perto guarda-roupa. É só seguir neste teu caminho. Enfim, é horrível.
Há algum tempo, toda minha família lá estava. Éramos felizes, tão felizes. Então o maldito rei daquele lugar nenhum decretou uma proibição absurda. É proibido cuidar. Primeiramente, não entendemos do que tratava-se. Fecharam-se hospitais, o idiota do rei mostrou-se feliz. Pararam de cuidar dos jardins, as formigas levaram as flores.
O outrora belo lugar tornou-se devastado.
O rei, porém, indigando!
"Não só as flores e os doentes,
Obedeçam, seus incopetentes!
Este seu rebelde coração,
Ah, ele precisa de punição".
O rei então mostrou a força de seu cetro,
Ampliou o decreto!
Proibido estava o afeto!
As famílias devastadas, buscaram solução,
Mas, por fim, deixaram toda emoção.
Todos se afastaram. Foi terrível, meu amigo! A dor se implantou. Isto, talvez, era necessário. Afinal, finalmente, quem sabe, as famílias valorizariam-se?
E como todo reino amaldiçoado,
A fome apareceu,
O povo, todo cansado,
Inerte morreu.
Perderam o sentido,
O porquê de viver,
Não lembravam do outrora vivido,
Só ansiavam morrer.
Não tinha mais motivo,
Todo o homem tornou-se evasivo,
Buscou sumir,
Ah, eu também ansiava fugir!
Sem cuidarem-se uns dos outros, o amor esfriou. Mas, o que fazer se isto é proibido? O que fazer se algo ofende as regras propostas? A dor tornou-se nossa companheira. Aparecia semanalmente nas constantes brigas. Os homens passaram a viver para si mesmos, esquecendo o sentido da vida. E, este mundo, ah, foi destruído. Fogo e enxofre. Mas acho que já sabiam disto. São lembranças devastadoras. Deixe-me esquecer delas um pouco..
"Finalmente, sejam todos de um mesmo sentimento, compassivos, cheios de amor fraternal, misericordiosos, humildes, sem retribuir mal por mal, ou injúria por injúria, mas abençoando!" (I Pedro 3:8-9)
"Aquele que não ama não conhece a Deus" (I João 4:8)

1 comentários:

Marielle Alves disse...

"Nossos problemas, tanto aqueles que enfrentamos externamente - como as guerras, os crimes e a violência - quanto os que enfrentamos internamente - nossos sofrimentos emocionais e psicológicos-, não podem ser solucionados enquanto não cuidarmos do que foi negligenciado (a dimensão interior do homem)."

Nessa perspectiva, vejo que o pensamento de Dalai Lama complementa seu texto, Fred. Pois se negligenciamos nosso convívio com os outros, negligenciamos nossas próprias vidas.

"Todas as grandes tradições religiosas do mundo atribuem papel primordial ao desenvolvimento da compaixão. Por ser ao mesmo tempo a fonte e o resultado da paciência, da tolerância, da capacidade de perdoar (do amor) e de todas as boas qualidades, considera-se que a sua importância abrange todo o processo da prática espiritual. (...) E todos ganham em qualidade de vida e em felicidade (genuína), os outros e nós."
Dalai Lama

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